CINEMA

Mostra "Estratégias da Imagem", no CCBB, inclui dez filmes que trazem a chegada de novas tecnologias de edição

Ciclo aborda avanços do uso da imagem

Divulgação

Cena da produção franco-suíça "Providence", dirigida por Alain Resnais, que é exibida dentro da mostra "Estratégias da Imagem", no Centro Cultural Banco do Brasil


SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO

Matéria-prima básica do cinema, a imagem naturalmente acumulou dentro de suas técnicas de utilização uma série de inovações que aperfeiçoaram a reprodução ou -alteração- da realidade.
Mote da mostra promovida pelo Centro Cultural Banco do Brasil, intitulada apropriadamente "Estratégias da Imagem: Cinema e Pós-Cinema", a chegada de novas tecnologias de edição e de trabalho da imagem ao longo da história da produção cinematográfica pode ser vista em dez filmes exibidos a partir de hoje até o próximo dia 23.
De acordo com Jane de Almeida, curadora do ciclo, "[atualmente] é possível trabalhar com uma série de relações que você não poderia anteriormente por causa da linearidade da película. Então isso nos propõe um novo tipo de cinema, um novo tipo de produção da imagem em movimento. Por outro lado, gostaria de discutir questões da produção de imagem, da trajetória teórica do cinema, que ficaram um pouco esquecidas", afirma.
"Providence", produção de 1977 concebida pelo diretor francês Alain Resnais que será exibida dentro de "Estratégias da Imagem", é citada por Almeida como exemplo de sequência não-linear, que antecipa conceitos da hipermídia.
O filme, considerado pelo escritor norte-americano Norman Mailer como "o melhor filme já feito pelo processo criativo", faz uso do corte de imagem para mostrar um veterano autor enfurnado em um casarão para produzir o seu derradeiro romance, e que funde nos sonhos suas relações familiares e a trama que está desenvolvendo. Resnais ainda figura no ciclo com os seus longas inter-relacionados "Smoking" e "No Smoking".
Outro destaque é o curta-metragem austríaco "Copy Shop", indicado ao Oscar no ano passado, em que um balconista, ao xerocar acidentalmente sua mão, vê a formação de um universo composto por milhares de cópias de si próprio, que acabam por adotar a sua rotina. O diretor Virgil Widrich e sua equipe utilizaram um software próprio para organizar o desenrolar do curta.
Os filmes brasileiros escolhidos para a mostra são dois documentários: "Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos", de Marcelo Masagão, e "Rocha que Voa", em que Eryk Rocha mescla diversas texturas e formatos como vídeo, 35mm, 16mm, preto-e-branco e cor saturada para contar a passagem de seu pai, o diretor Glauber Rocha, por Cuba.
Algumas sessões serão seguidas por palestras que tratam da proposta do ciclo, ministradas pelos professores de semiótica Arlindo Machado e Lucia Santaella e pelos críticos de cinema Alfredo Manevy e José Carlos Avellar.

link: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/acontece/ac1103200301.htm