Alexander Kluge: o quinto ato
Curadoria: Jane de Almeida
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Realização: Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) - São Paulo
Ministério da Cultura - Governo Federal
Co-patrocínio: Goethe-Institut São Paulo
Apoio: Cosac Naify
Notas biográficas sobre Alexander Kluge:
Alexander Kluge nasceu em 14 de fevereiro de 1932 em Halberstadt (Alemanha). Escritor e advogado (estudou direito, história e música sacra), é considerado um dos fundadores do Novo Cinema Alemão pelo seu papel como líder na elaboração do Manifesto de Oberhauser - o famoso documento de 1962, assinado por 26 pensadores alemães que reinvindicou abertamente o desejo de um renascimento de um cinema livre em suas idéias e linguagem.
Em pouco tempo, Kluge tornou-se uma figura central e o porta-voz do movimento e, não por coincidência, em 1981 Rainer Werner Fassbinder dedica-lhe o seu Filme Lola.
Kluge manteve forte vínculo intelectual com Theodor Adorno e continua sendo uma figura central no debate intelectual, colocando-se sempre otimista e entusiasticamente a favor de novas idéias e novas iniciativas.
Ativo desde 1958 como assistente de direção de Fritz Lang no filme O tigre de Bengala e diretor do Institut für Filmgestaltung in Ulm desde 1962 - a primeira escola de cinema na Alemanha Ocidental fundada no período do Manifesto - Kluge é, desde o seu primeiro filme, um dos protagonistas da renovação do Festival de Veneza, onde esteve presente com seu trabalho nada menos do que cinco vezes e que, pela lista de prêmios recebidos, faz dele o cineasta mais premiado do Festival. Kluge recebeu o Leão de Prata em 1966 pelo filme Despedida de Ontem e em 1968 o Leão de Ouro pelo filme Artistas na cúpula do circo: perplexos.
Em 1971 Kluge apresentou em Veneza O grande caos , uma ficção científica na qual transporta o caos contemporâneo para uma sociedade no futuro. Como filme principal na seção Mulher e Cinema em Veneza (1974), Kluge apresentou o seu Trabalho ocasional de uma escrava, cuja protagonista, uma jovem mulher casada, conduz uma solitária batalha feminista contra a indiferença da sociedade e a hostilidade das instituições. Em 1983 Kluge retorna a Veneza com O poder dos sentimentos, um filme-ensaio dividido em 12 capítulos, no qual faz uso de materiais audiovisuais de várias origens. Nos anos 70 também dirige seu segundo filme de ficção científica, Willi Tobler e a queda da 6a frota (1972), além de No perigo e na penúria, o meio-termo leva à morte (1974), Ferdinand, o forte (1976) e A Patriota (1979), filme no qual critica o fato de o neocapitalismo Alemão ainda estar repleto de um perigoso autoritarismo.
No final dos anos 1970, Kluge coordenou a aventura política coletiva em Alemanha no outono (1978), filme co-dirigido por Alf Brustellin, Hans Peter Cloos, Rainer Werner Fassbinder, Beate Mainka-Jellinghaus, Maximiliane Mainka, Edgar Reitz, Katja Rupé, Volker Schlöndorff, Peter Schubert and Bernhard Sinkel. Nos anos 80 Kluge dirigiu os filmes O ataque do presente contra o resto do tempo, com o qual confirma o seu estilo direto e agressivo e Fatos diversos (1986). Em 1985, junto com Edgar Reitz, dirigiu uma série para a televisão dividida em quatro episódios dedicada à história do cinema. Desde 1988 Kluge produz inúmeros programas culturais de televisão para os canais RTL e SAT 1.
Como escritor,
Alexander Kluge recebeu em 2003 o Georg-Büchner-Preis, o mais renomado prêmio literário alemão. Escreveu romances e ensaios políticos e filosóficos: O que há de político na política (com Oskar Negt, 1999), Esfera pública e experiência (1993), Der Unterschätzte Mensch (2001); Chronik der Gefühle (2000), Die Lücke, die der Teufel lässt (2003), Tür an Tür mit anderem Leben (2006). Seu último livro, Histórias do Cinema (Geschichten vom Kino), é divido em pequenos ensaios com suas impressões sobre o cinema e foi lançado em 2007 pela editora Suhrkamp.
A presença de Kluge na Televisão
A contribuição de Kluge para a vida cultural da televisão alemã não deve ser subestimada. Sua entrada para a TV coincide, entre várias coisas, com o advento da TV privada na Alemanha. Ele foi bem sucedido ao buscar modificações para o Rundfunkstaatsvertrag (acordo interestadual de transmissão) e propor que estações comerciais permitam a exibição de programas de interesses especiais produzidos por uma terceira parte. A partir de 1988, Kluge usou alguns desses nichos de programas de interesse especial para mostrar suas próprias produções, feitas pela recém estabelecida companhia, a dctp.
Desde então, a companhia, com sua sede em Dusseldorf, não tem apenas produzido programas com assuntos correntes como Spiegel TV, Stern TV e Süddeutsche Zeitung TV, mas também programas bem pouco convencionais como News & Stories, 10 vor 11 e Prime Time. Alguns comconversas entre Kluge e um convidado – filmados em apenas um plano, aprimorado e deslocado pelo uso colagens fotográficas e sonoras. Os convidados podem ser um ator, como o produtor Peter Berling, que improvisa retratos de personagens fictícias do mundo cotidiano.
Fontes: Website do Festival de Cinema de Veneza (2007) e Deutsche Welle World
Tradução e adaptação: Cícero Inácio da Silva
Notas biográficas sobre a Curadora e os Palestrantes:
Jane de Almeida (curadoria)
Jane de Almeida é professora e pesquisadora no Departamento de Artes Visuais na Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), da Pós-graduação em Educação, Arte e História da Cultura na Universidade Mackenzie e da PUC-SP. É curadora independente na área de cinema e artes visuais.
Rainer Stollmann:
Rainer Stollmann é professor de História da Cultura na Universidade de Bremen. Estudou Germanística e História, com doutorado sobre estética e política. Escreveu a respeito da literatura no III Reich; nos anos 80, trabalhou com projetos de pesquisa do século XVIII (participou da edição de Frankfurt das obras de Hölderlin). Publicou vários ensaios sobre o riso, sua origem, formas e a história do humor e deu contribuições ao rádio e à TV sobre o tema. Estudioso de Alexander Kluge e seu trabalho, pesquisa e ensina a teoria crítica desde os anos 70. Além de cerca de 20 ensaios e dois livros, lançou: Die Entstehung des Schönheitssinns aus dem Eis. Gespräche über Geschichten mit Alexander Kluge [O surgimento da sensibilidade ao belo a partir da Era Glacial. Conversas com Alexander Kluge] (Berlim, 2005).
Arlindo Machado:
Arlindo Machado é professor de Comunicação e Semiótica na pós-graduação da PUC-SP e no Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da USP. Pesquisa as chamadas "imagens técnicas", produzidas através de mediações tecnológicas, como fotografia, cinema, vídeo, e as atuais mídias digitais e telemáticas. Sobre o tema, publicou os livros Eisenstein: geometria do êxtase, A ilusão especular, A arte do vídeo, Máquina e imaginário: o desafio das poéticas tecnológicas, Pré-cinemas & pós-cinemas, A televisão levada a sério, Arte e mídia, além de artigos em revistas especializadas. Foi curador das exposições: Arte e Tecnologia, A Investigação do Artista, Made in Brasil e Emoção Art.ficial II. Dirigiu seis curtas-metragens em 16 e 35 mm e três trabalhos de multimídia em CD-ROM.
A Mostra: Desmontando o quinto ato
Você é famoso por sua expressão apaixonada no ato 1.
Comenta-se a luz de esperança que brilha em seus olhos.
Como consegue, conhecendo o horrível desenlace do quinto ato? – pergunta a entrevistadora.
No primeiro ato ainda não sei – responde o tenor.
Já interpretou essa peça 84 vezes! Deveria conhecer seu final trágico.
Sim, mas não no primeiro ato.
Mas você não é tolo.
Não, creio que não – diz o cantor.
Mas às 20:10, no ato 1, você deve saber o que vai acontecer às 22:30, no quinto ato. Deve saber por causa das outras apresentações.
Sim.
Como consegue então essa "luz" de esperança?
No primeiro ato ainda não posso conhecer o quinto – insiste o cantor.
A ópera poderia ter outro final? – pergunta a entrevistadora.
Claro.
Mas não teve outro final em 84 apresentações!
Mas poderia acabar bem! – responde quase gritando o cantor.
A cena acima, de O poder dos sentimentos, revela um eixo crucial da filmografia de Alexander Kluge: evitar a repetição das imagens já cristalizadas em nossa mente. Esta mostra exibe, orgulhosamente, sua filmografia completa de longas-metragens, apresentando vários de seus filmes inéditos no Brasil, além de curtas e de alguns programas de televisão: 10 vor 11, Prime Time e News & Stories, alguns com entrevistas com Jean-Luc Godard, Susan Sontag, entre outras. Apenas como uma introdução ao seu trabalho – afinal Kluge é um dos maiores pensadores alemães, com extensa produção também em literatura, sociologia e filosofia – a mostra Alexander Kluge: o quinto ato tem a pretensão de inspirar outros fluxos narrativos, com multiplicidade de atos e finais.
Livro Alexander Kluge: o quinto ato
O livro Alexander Kluge: o quinto ato, organizado por Jane de Almeida, será lançado pela editora Cosac Naify e trará 11 ensaios do livro Histórias do Cinema (Geschichten vom Kino), de autoria de Alexander Kluge e lançado em 2007 pela editora Suhrkamp: O programa dos cinemas em dezembro de 1917, em São Petersburgo e em Moscou, Uma observação de Walter Benjamin, As três máquinas que constituem o cinema, No limiar entre a história do cinema e a televisão, O que nunca foi filmado critica o que foi filmado, Russian Endings / American Endings, Trazer o mundo ao mundo, Uma ducha de luz, Algo secundário que, se fosse algo principal, teria sido realmente bem sucedido, Novas chances para o cinema, O caráter multiforme da evolução, os artigos Reinventando o Nickelodeon: notas sobre Kluge e o primeiro cinema (publicado originalmente na Revista October, MIT Press), da crítica de cinema e professora da Universidade de Chicago Miriam Hansen, Kluge e a televisão, do professor da USP Arlindo Machado, A realidade não é realista. Alexander Kluge, o cinema europeu e alemão e Fantasia prática: facts and fakes, do pesquisador da obra de Alexander Kluge e professor de História da Cultura na Universidade de Bremen, Rainer Stollmann, além de filmografia, sinopses e apresentação de Jane de Almeida.
A mostra contará também com as palestras, no CCBB de São Paulo, de Rainer Stollmann e Arlindo Machado, que falarão sobre As Imagens de Alexander Kluge.
A mostra também percorrerá as cidades do Rio de Janeiro e Porto Alegre com a promoção do Goethe-Institut:
Programação:
16 a 28 de outubro no Rio de Janeiro
Cinemateca do MAM no Rio de Janeiro
09 a 14 de outubro em Porto Alegre
Sala P.F. Gastal / USINA das Artes em Porto Alegre
Referências:
Revista October, MIT Press, número 46, fall 1988
Links:
O cineasta Alexander Kluge ganha retrospectiva completa em São Paulo e livro sobre sua obra (Cosac Naify)
Diretor alemão defende cinema online no Festival de Veneza
Alexander Kluge é homenageado no Festival de Cinema de Veneza deste ano
Arquivo "Heiner Müller e Alexander Kluge", organizado por Rainer Stollmann na Universidade Cornell
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Universidade de Princeton inaugura o Arquivo Alexander Kluge
"O cinema ainda nos surpreenderá", texto sobre Kluge publicado no Jornal da Mostra de Cinema, 2007
Jürgen Habermas sobre Alexander Kluge